quarta-feira, 23 de setembro de 2015

AMIZADE DESBOTADA

Chego ao final do dia e lembro-me do que gostaria de ter perguntado a A, B e C.
 
O dia passou por nós ausente de oportunidade para falarmos.

Procuro atrás da porta de casa um "Está tudo bem? O q tens feito?", no chão do quarto um "olha lá, e..."
E não, não vejo um "Olá!" Por detrás da cortina da banheira....

Nada.

Janto enquanto leio palavras mudas. Na TV oiço vozes surdas. Não me conseguem, não as posso alcançar.

O dia passa por nós ausente e já a noite cai sobre a torre onde dormimos, sós. E quando o dia seguinte nos levanta, há palavras q esquecemos para sempre, nos diálogos q podíamos ter sido, mas não somos.

De manhã colocamos a velha roupa no estendal. Olhamos para ela e constatamos como está desbotada. Tão diferente de quando era nova e não tinha aquele ar meio coçado.
E na nossa mente ganha forma um paralelismo. Afigura-se o amigo q já fomos no passado, quando falávamos diariamente de tudo e de nada, porque o importante eram as palavras que trocávamos e não tanto o seu sentido.
 
 

SINTO FALTA

Sinto falta
do calor das festas do teu olhar
dos teus passos
reproduzindo o som de um caminho partilhado
dos teus braços como asas
que me fazem voar

Falas-me
Através do silêncio das nuvens
No barulho da chuva que 
humedece os sonhos dos amantes

A tua silhueta
Colada na minha porta, vazia
Antevê o frio
Não deixa passar a memória

Distância
Na minha garganta estão pendurados os teus pensamentos
agarrados à vizinhança de um gesto desfeito
de um efémero momento esfumado

Ilusão

IMORTALIDADE

Há um par de anos atrás naquele dia, havia ruído uma das paredes do seu lar de carne e osso. E um forte temporal se abateu sobre aquela casa em ruínas.

Na sua meninice, no final das aulas, os TPC marcavam o ritmo da paternidade. E havia aquele trejeito com a língua, que acabara gravado nos seus genes. E os seus olhos sorriam ao olhar para o seu filho mais velho, reconhecendo num gesto, a união de três gerações.

Curioso... a forma como a espiral da vida une os que estão de partida aos que acabaram de chegar.

Por mais longe que estejam e mesmo que a memória por vezes os deixe fugir.

Apercebemos-nos quão importante alguém é para nós e o quanto amamos essa pessoa, ao sentirmos que foi pouco, todo o tempo que passamos com ela.

DETALHES

A figura apresentava uma semelhança extraordinária com o seu avô. No entanto ele observou - falta a verruga no queixo! O avô tem uma verruga no queixo.
 
Descíamos no elevador do prédio da avó. Tiago fazia a contagem decrescente observando os números nas portas do dito elevador. Quando chegámos ao R/C ele disse - É zero mas a porta não tem nada! - Por não ter nada é que é zero, disse eu parodiando. Ele ripostou - Mas a porta do outro lado (do outro elevador) tem um zero!
Fantástico.

PARTIR

Partir
 
Era urgente
Só, na estrada
Na estrada, só
Na estrada
Tudo estava bem
Na estrada

Viajar

Não estava
Em nenhum lugar
Nenhum lado
Perdido
Na viagem
Para sempre
Viajando
Não importa a estrada
Nem o caminho
A viajem, só

A urgência da lonjura

Talvez chegue

Um dia
Pouco importa
Não é urgente
Chegar
Havia sido
Partir
Sentia-se bem
Assim
Longe
Ausente
Fora
Isso!
Fora!
Na estrada
Algures...
Onde?
Por aí!
Fora!
Na lonjura!

Horizonte


Longe
Sempre
O horizonte
Sempre
Inatingível
Sempre
O horizonte
Longe
Ao
Sempre!

Céu
Em cima
Em baixo
Terra
Mar
Mais em baixo
Rios
Lá ao fundo
Tudo se une
Só um
Onde
Lá longe
No
Horizonte

Foje
Corre
Mais depressa
mas...
Não
Não consegues
apanhar
Continua
Longe
continuas longe
Horizonte

segunda-feira, 19 de janeiro de 2015

AUSÊNCIA DO ADEUS

Dedicado a um amigo

Ausência do Adeus

Gostava de me ter despedido de ti mamã.
Que alguém me avisasse. Vai partir.
Ter-me-ia aninhado junto às paredes do teu corpo. O meu lar de sempre. No regaço mais doce. Na criança que fizeste crescer.
Sentido o prazer de me banhar na água morna do teu olhar. Das carícias tépidas da tua voz.


Não percebo esta distância. A ausência do adeus.
E quando quiser voltar?
Sopra um vento frio. É noite no meu olhar.
 

I BELONG IN ANOTHER ERA

Escrito a ouvir o "Legendary" no MBox

I belong in another era
Beyond the past and the future
Outside the elipse of time

I belong in another day
A Mascarade in the veil of the night
All the eras could not find their way
Through my body

A scope full of rain smoke and fire
Red flame Burns in to my vein
While oceans of sand dive in to the sea
Sea of Murmur

Tongue was stuck on the road
To nowhere
Nowhere is your home Lou,

Are you there?