domingo, 30 de março de 2014

OLÁ

Olá.
O nome deste blog era para ser "A Preto e Branco", um espelho da dicotomia das suas frases. Não deu. Ficou "Espirais Gastas". Mais tarde irão perceber porquê.

"- É uma mulher interessante... Talvez um pouco desfasada no tempo..."
"- É bonita não é?"
"- Sim, talvez seja bonita, mas quando estamos junto dela nem nos lembramos disso... (...) Quanto a mim essa rapariga só gosta do inacessível. É um ser difícil de compreender..."

Diálogo entre Corto e Böek na "Fábula de Veneza" de Hugo Pratt
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O desejo apagado

Como o crepúsculo se abate sobre nós
Na parede branca dos dias
Claustro escuro
A alma jaz sob o silêncio


Pequenas luzes acendem
Tremelicam na distância
Infinito
Não alcanço
O dia

Nunca chega o de te
Ver
Tocar
Ter
Mergulhada no mar dos meus braços

A noite
O desejo
O escuro
Estou só
Não te vejo

Fecho os olhos
Fica ainda mais escuro
Mais só
- Que este pequeno brilho desvaneça
Se apague na dor e desapareça

Implodindo lentamente
Não resta luz
Nem memória
Do amor
Do eu que és tu

Desaparecido
Cativo
Do breu
Do meu
Desejo

Apaguem-me!
Ninguém me vê
Não me vejo
Apagado
(ao nunca ter sentido a) Doce humidade do teu beijo

Universo envergonhado
Não mostra ao mundo
Eu
Eu sem tu
Apagado

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(Se o Abrunhosa vê isto ainda pensa que é uma letra para um novo tema...)